quinta-feira, 13 de março de 2014

Névoa

Noite,
De escura frieza,
De discreta grandeza,
Noite, a enevoar os meus caminhos,
Torna clara minha vista,
E, antes que eu desista,
Mostra a mim o teu sorriso.

Noite,
De nobre e suave olhar
De cavalheiro,
De leve e delicado ar
De uma dama,
Nas sombras escondes-te de mim,
Nas sombras, meu sonho sem fim
Ilumina com o luar,
Implora este a quem ama.

Noite
De criaturas e formas esguias,
De ruídos e ruas vazias,
Teu sopro de mistério,
Teu semblante sério,
Tua mão me conduzia
Contra os ventos de meu temor,
De teus olhos transbordava o amor.

Noite,
Cortejada pela dama em carmesim,
Tudo era sonho em mim,
Ver-te ante meus olhos trêmulos
Ver-te, a deslumbrar-me,
Anseio de uma chama que arde,
Consome, a passos lentos,
Aquele que te ama sem alarde.