domingo, 8 de fevereiro de 2015

Vitral

Um espelho de tempestade
Que minha imagem não mais reflete
Atirado ao chão, em pedaços,
Em um caminho que não mais traço
Acaba-se, enegrecido, denso e inerte,
E meu eu, não refletido, segue a infinidade.

Gentis mãos que me harpejam,
Que me seguram e espantam meus temores,
Que estenderam-se quando tudo era escuro,
Tornam-se abrigo, difícil e seguro,
Semeiam em minha alma as frágeis flores
Que a teus olhos, mais e mais, desejam.

Etéreo é meu mundo por ti,
Triste sonata que à mente traz teus ares,
Onírica visão por entre o véu da alma,
Leve mãos de brisa que em meu rosto espalmas,
Se são de céu e esperança feitos os sonhares
Ante as estrelas, meus sonhos por ti ergui.

As vivas cores de um vitral
Em mim projetadas, deslizam,
Mas se é noite e nenhuma luz se faz
Meu brilho então é fugaz,
E enquanto os raios do teu sol não poetizam
Busco tua luz em meu triste recital.

Tu, que me deste as mais belas cores,
Vede em mim tua luz, como um quadro que vagueia
E vede em meu céu tua aurora que nasce por entre as nuvens
Que na sutileza do teu lembrar urgem,
Mas vede também meu pesar que escorre de minha veia
Quando meu sonhar se distancia de teus amores.

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