quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A ele, a ti, a nós ou a mim mesmo


Sinto pulsar - 
Mas por que pulsa?
Sinto pausar - 
Mas por que a repulsa?

Um passo para trás e vou de encontro ao abismo,
Um passo para frente e o medo do desconhecido,
Para os lados, espinhos por todos os lados,
Onde o mundo começa, o mundo termina - 
Mas por que a destruição, rapaz?
Por que não buscas em ti mesmo tua paz? - 
Ora, soubesse eu quem seria ou queria ser,
Talvez na inquietação de algo a se romper,
Um caos que desnorteia e me faz esquecer
Daquilo tudo que antes girava o mundo
E me tirava do chão por segundos.

Voar - qual o sentido de voar?
Para que asas, se não és capaz de te guiar? -
Não! Quero distância de ti! - 
Não digas isto, tu fazes parte de mim. - 
Parte indecisa e destruidora!
Torna ao teu mundo, torna ao submundo,
Que vens a fazer aqui? Tua aura não me é acolhedora!

-Deixar-te, deixar-te ou não deixar-te?
Ora, torturam-te meus pensamentos?
Tortura-te saber que os meus são também teus?
Deixar-te-ei, porém, com a promessa de regresso,
Ainda hei de ver teu riso ao perceber o meu retrocesso.
-Progresso, o que é o progresso?
O que é viver quando há uma sombra a te perseguir?
O que é a paz quando eles vivem a me perseguir?
Quem são eles? -Somos quem somos.
Somos aqueles que por ti já fomos.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dilaceração multipolar


Vede!
A ninfa dos olhos negros me observa friamente
Suas sombras me consomem,
Seu riso perturba minha mente,
Seu canto medonho me faz contorcer,
Deixa-me! Livra-me de teu escurecer,
Óh, nuvem de distorção,
Livra-me desta perturbação!

Na mão direita uma adaga,
Na esquerda o ouro,
Mas a ameaça me amedronta,
Inconsequente e ingrata
Retira-te de meus olhos,
Faz de invisível este que te confronta
E quem sabe na paz
Ou aos pés de um cais
Possa eu te compreender.

Para! Ordeno-lhe que pares!
Teu escarnecer me encandeia,
Teu riso obtuso me escraviza,
Me joga aos céus e então aos mares
Mas em minha torpe mente não permeia,
Pois a ti minh'alma não é submissa,
Demônio de deboches dilaceradores,
Devolve minha vida e meus amores,
Tira de mim essas dores! - 
É vil minha súplica - 
A insanidade já me é oportuna.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Foge, amigo

Corre, amigo,
Corre pra não mais voltar,
Se eles dizem que são teu abrigo
Corre, pois esse não é teu lugar.

Corre e busca teu sol,
Busca o brilho nos olhos de quem se perdeu no azul,
Sê tu mesmo teu norte, mas busca teu sul,
Foge das sombras que são tua prisão,
Joga ao mar o peso que te assombra,
Canta aos ventos a tua canção,
Alimenta de luz teu coração
E quando tua voz sair de cada pulmão
Grita ao horizonte o silêncio,
Grita a paz ao céu imenso.

Se eles dizem querer tua paz,
É teu sangue que eles buscam.
Corre e não volta mais, amigo,
Irradia no caos, reluz,
Faz tu mesmo teu abrigo,
Teu caminho até as estrelas é de luz
Mas os espinhos deles são teu pior perigo.

Corre, amigo,
Compõe a canção do teu destino,
Toca teu coração como um sino,
Foge dos que se encontram com o desatino.