sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O vazio que cerca

Ao meu redor, tudo que eu vejo é o nada.
O que há ao meu redor?
O que me cerca e me amedronta?
Qual atroz verdade me confronta?
Talvez seja o nada um pormenor,
Uma desculpa de alívio para o que me afronta,
O que pisa em meu penar e então deserta,
Deserto é meu mundo, fundo em seu próprio desgosto
Afundo em mil pensamentos.

Solto, como uma folha no vento,
A voar sem direção certa, ou em direção ao relento,
Graciosa e tragicamente se perde nas ruas de um vazio,
Onde escura é a noite, onde o sol é frio,
Ingenuamente se faz presa aos olhos que vorazes, sedentos,
Devoram o conforto, e perde-se em sofrimento.

Leva, vento, leve,
Sopra o peso de minh'alma
Dá sossego à inquieta tempestade,
Torna brisa a ventania que desola,
Torna verde o solo infértil,
E permita que em sete cores possa sorrir a felicidade,
Que o enegrecido céu seja tão só a perecível saudade
Que ao sorrir de um destino de volta à ingenuidade
Faça-se brilho daquilo que se perdeu em opaca insanidade.

Ao meu redor... Há espelhos ao meu redor
E eles me observam, frios e covardes,
Escarnecem e viram-me as costas,
Malditos, os reflexos que me deixam só,
E somem, à espreita, sem alarde,
Por entre o escuro das dúvidas corrosivas
Que aos poucos consomem as entranhas de minha vida.

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